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"Poesias d'alma e do coração, que só pela alma e pelo coração devem ser julgadas." (Gonçalves de Magalhães)

sábado, 10 de dezembro de 2011

Fagundes Varela (1841 - 1875)


Luís Nicolau Fagundes Varela, nasce no Rio de Janeiro, na cidade de Rio Claro.
Em 1861, publicou seu primeiro livro de poesia, Noturna. No ano de 1859, Fagundes Varela viaja para São Paulo e em 1862 matricula-se na faculdade de Direito, curso no qual não houve conclusão de sua parte, pelo fato de ser apaixonado pela Literatura, dissipou-se então na boemia e era fortemente influenciado pelo "byronismo" dos estudantes paulistanos.
Considerada uma das mais belas obras do autor, o poema Cântico do Calvário, foi escrito sobre a inspiração da morte precoce de seu filho, Emiliano, aos três anos de idade. Apartir de então, entrega-se definitivamente ao alcoolismo. Em contrapartida, cresce sua inspiração criadora.
Publica em 1864, Vozes da América e posteriormente em 1865, sua obra-prima, Cantos e Fantasias. No ano de 1866, viaja para Recife, onde lhe é informado a morte de sua esposa. No ano seguinte retorna para São Paulo e matricula-se novamente no 4º ano do curso de Direito, mas novamente abandona-o e recolhe-se à casa paterna, em Rio Claro. Permanece então até 1870 em Rio Claro, escrevendo entre as noites boemias, e vagando indefinidamente pela vida.
Casou-se com sua prima Maria Belisária, com quem teve uma família, na qual perdeu um filho também prematuramente. Em 1870 estabelece-se ocasionalmente na casa de famíliares, em Niterói, e mesmo assim continuava com sua vida boemia. Fagundes Varela fechou seu palitó de madeira em marfim no dia 17 de fevereiro de 1875, a causa de sua morte foi uma afecção cerebral chamada apoplexia, morreu aos 34 anos, ja em estado de completo desequilíbrio mental.
Fagundes Varela, mostra em uma de suas primeira obras (Arquétipo), que possuia uma grande abilidade de versar. Além da angústia predominante em sua poesia, é possível notar que há uma forte apelação mística e religiosa. A influência amorosa e até mesmo os temas sociais e patrióticos enquadram-se na totalidade de sua extensa obra.
Varela é o patronomo da Cadeira nº11 da "Academia Brasileira de Letras", por escolha do fundador Lúcio de Medonça.

Eis aí suas Obras:
Noturnas (1861); Vozes da América (1864); Cantos e fantasias (1865); Cantos meridionais e os Cantos do ermo e da cidade (1869). Deixou inédito o Anchieta ou Evangelho na selva (1875), O diário de Lázaro (1880) e outras poesias. Cantos religiosos (1878). As Poesias completas, organizada por Frederico José da Silva Ramos, foram lançadas em 1956.

Fonte Informativa: http://www.spectrumgothic.com.br

E para encerrar fica aí uma grande e magnífica obra de Fagundes Varela:


TRISTEZA

Eu amo a noite com seu manto escuro
De tristes goivos coroada a fronte
Amo a neblina que pairando ondeia
Sobre o fastígio de elevado monte.

Amo nas plantas, que na tumba crescem,
De errante brisa o funeral cicio:
Porque minh'alma, como a sombra, é triste,
Porque meu seio é de ilusões vazio.

Amo a desoras sob um céu de chumbo,
No cemitério de sombria serra,
O fogo-fátuo que a tremer doideja
Das sepulturas na revolta terra.
Amo ao silêncio do ervaçal partido
De ave noturna o funerário pio,
Porque minh'alma, como a noite, é triste,
Porque meu seio é de ilusões vazio.

Amo do templo, nas soberbas naves,
De tristes salmos o troar profundo;
Amo a torrente que na rocha espuma
E vai do abismo repousar no fundo.

Amo a tormenta, o perpassar dos ventos,
A voz da morte no fatal parcel,
Porque minh'alma só traduz tristeza,
Porque meu seio se abrevou de fel.

Amo o corisco que deixando a nuvem
O cedro parte da montanha, erguido,
Amo do sino, que por morto soa,
O triste dobre na amplidão perdido.

Amo na vida de miséria e lodo,
Das desventuras o maldito seio,
Porque minh'alma se manchou de escárnios,
Porque meu seio se cobriu de gelo.

Amo o furor do vendaval que ruge,
Das asas negras sacudindo o estrago;
Amo as metralhas, o bulcão de fumo,
De corvo as tribos em sangrento lago.

Amo do nauta o doloroso grito
Em frágil prancha sobre mar de horrores,
Porque meu seio se tornou de pedra,
Porque minha'alma descorou de dores.

O céu de anil, a viração fagueira,
O lago azul que os passarinhos beijam,
A pobre choça do pastor no vale,
Chorosas flores que ao sertão vicejam,

A paz, o amor, a quietação e o riso
A meus olhares não têm mais encanto,
Porque minh'alma se despiu de crenças,
E do sarcasmo se embuçou no manto.

Fagundes Varela

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